Recém nascido também é gente!
Dr. Flávio Zenun
A assistência ao recém nascido é uma área relativamente nova na Pediatria. Técnicas de tratamento e prevenção de doenças em recém nascidos foram e continuam sendo desenvolvidos com grande rapidez.
Agora, ao lado deste desenvolvimento técnico, está havendo a tendência de “humanizar” este atendimento. O recém-nascido deixa de ser um caso, sendo visto como pessoa.
Muitas pesquisas estão se preocupando com aspectos antes esquecidos. Por exemplo: o efeito do barulho dos motores das incubadoras; a dor que o recém-nascido sente nos procedimentos mais agressivos; o efeito da presença e carinho da mãe para o prematuro internado e assim por diante.
Quanto ao recém-nascido normal, a principal mudança que se almeja é a implantação, na prática, do sistema de alojamento conjunto, sistema que evita a separação entre mãe e filho durante a internação hospitalar, aumentando o sucesso do aleitamento materno. Além de propiciar que a mãe seja instruída sob os cuidados com o recém-nascido. Mas a implantação deste sistema enfrenta dificuldades na estrutura hospitalar e na aceitação das pessoas.
A falta de sensibilidade com o recém-nascido não é notada só no hospital. Ela esta presente em nossa cultura, onde o nenê não é visto como um ser capaz de “sentir” o ambiente que o rodeia, o que é um grande engano - (veja o quadro logo abaixo).
Sim, o recém-nascido é capaz de se estressar, quando esgotam sua paciência. Assistindo o filme “Olha quem esta falando”, de Any Heckerling, dá para imaginar algumas cenas em que o RN esbravejaria contra algumas situações. Logicamente que pais, familiares e visitas não querem mal à criança, mas não há como não imaginar que ela sofra com alguns dos seus primeiros “contatos sociais”.
Qual mãe não se lembra daqueles dias no hospital quando o quarto se enchia de gente e ela queria descansar e entrosar com seu filho e não podia? E aquele parente que chega fumando, entope o nariz do nenê e vai embora?
E aquela visita que insiste em pegar a criança com as mãos não lavadas?
E o vovô que fala alto, liga a TV, comenta o jogo e acorda um recém-nascido que levou horas para conseguir dormir?
E aqueles comportados priminhos que fazem tudo o que é arte para aparecer mais que o RN, além da birra para pegar um pouquinho o primo que só queria mamar, dormir e ter sossego?
E aqueles que estão gripados, mas fazem questão de dar um passadinha para a obrigatória visita?
Depois de vários anos assistindo o nascimento de crianças, consegui “ouvir” de um deles (talvez um futuro pediatra), os mandamentos que transcrevo. Com isto não pretendo dar a última palavra sobre o assunto mas simplesmente lembrar o óbvio: o recém-nascido não é adulto. Lembrando-se disto, certamente teremos mais cuidado com ele.
ALGUMAS CAPACIDADES DO RECÉM NASCIDO COMPROVADAS EM PESQUISAS
. Visão - acompanha, enxerga, focaliza e responde melhor a formas como rosto humano do que outras formas.
. Audição - identifica a voz da mãe. Responde melhor à voz humana do que a outros sons. Quando os pais falam ao seu lado eles viram a cabeça para fixar visualmente os vultos dos pais.
. Olfato - aos 6 dias de vida preferem o cheiro da mãe em vez do de outra mulher. Viram a cabeça, buscando fugir de odores incômodos.
. Paladar - mostra respostas diferentes quando exposto a diferentes sabores.
. Comportamento - os recém nascidos que recebem cuidados de uma pessoa só, mostram menos inquietação, desconforto e irritabilidade no seu comportamento do que os bebês cuidados por muitas pessoas.
RECOMENDAÇÕES PARA FAMILIARES E VISITANTES DE MÃES E RECÉM NASCIDOS
1º- Pense na mãe. Provavelmente ele está cansada, sem dormir. Pode estar com dores. Com certeza está preocupada em atender o recém-nascido antes de qualquer coisa.
2º- Pense no nenê. Ele ouve, enxerga; sente desconforto com vozes, sons e luzes que não conhece. Ele esta se adaptando a um mundo totalmente estranho. Muito estímulo pode atrapalhar a mamada, piorar a cólica, dificultar pegar no sono.
3º- Faça uma visita cronometrada.
4º- Veja o RN mas não fique no quarto dele. Vá conversar em outra sala.
5º- Não toque no nenê se não for preciso. Se for ajudar, lave as mãos antes de pegá-lo.
6º- Evite a visita no hospital. Ligue parabenizando os pais e deixe a visita para a casa, após a primeira semana.
7º- Se você ou seu filho estiverem com doença infecciosa ou com febre não devem visitar o RN.
8º- Se o bebê tiver um irmãozinho ou uma irmãzinha não se esqueça de agradá-lo e elogiá-lo tanto quanto o irmão que nasceu.
9º- Não atrapalhe o aleitamento materno. Deixe a sala se a mãe for amamentar. Estimule a mãe a amamentar. Lembre-se que é muito fácil mandar dar mamadeira mas é mais amigo ajudar a mãe ter sucesso no aleitamento materno.
10º- Sobre todos os costumes e convenções sociais devem ficar o bem-estar e saúde da mãe e recém-nascido.
Autor: Dr. Flávio Zenum - Pediatra
http://www.aleitamento.med.br/ a_artigos.asp?id=3&id_artigo= 2141&id_subcategoria=4
Dr. Flávio Zenun
A assistência ao recém nascido é uma área relativamente nova na Pediatria. Técnicas de tratamento e prevenção de doenças em recém nascidos foram e continuam sendo desenvolvidos com grande rapidez.
Agora, ao lado deste desenvolvimento técnico, está havendo a tendência de “humanizar” este atendimento. O recém-nascido deixa de ser um caso, sendo visto como pessoa.
Muitas pesquisas estão se preocupando com aspectos antes esquecidos. Por exemplo: o efeito do barulho dos motores das incubadoras; a dor que o recém-nascido sente nos procedimentos mais agressivos; o efeito da presença e carinho da mãe para o prematuro internado e assim por diante.
Quanto ao recém-nascido normal, a principal mudança que se almeja é a implantação, na prática, do sistema de alojamento conjunto, sistema que evita a separação entre mãe e filho durante a internação hospitalar, aumentando o sucesso do aleitamento materno. Além de propiciar que a mãe seja instruída sob os cuidados com o recém-nascido. Mas a implantação deste sistema enfrenta dificuldades na estrutura hospitalar e na aceitação das pessoas.
A falta de sensibilidade com o recém-nascido não é notada só no hospital. Ela esta presente em nossa cultura, onde o nenê não é visto como um ser capaz de “sentir” o ambiente que o rodeia, o que é um grande engano - (veja o quadro logo abaixo).
Sim, o recém-nascido é capaz de se estressar, quando esgotam sua paciência. Assistindo o filme “Olha quem esta falando”, de Any Heckerling, dá para imaginar algumas cenas em que o RN esbravejaria contra algumas situações. Logicamente que pais, familiares e visitas não querem mal à criança, mas não há como não imaginar que ela sofra com alguns dos seus primeiros “contatos sociais”.
Qual mãe não se lembra daqueles dias no hospital quando o quarto se enchia de gente e ela queria descansar e entrosar com seu filho e não podia? E aquele parente que chega fumando, entope o nariz do nenê e vai embora?
E aquela visita que insiste em pegar a criança com as mãos não lavadas?
E o vovô que fala alto, liga a TV, comenta o jogo e acorda um recém-nascido que levou horas para conseguir dormir?
E aqueles comportados priminhos que fazem tudo o que é arte para aparecer mais que o RN, além da birra para pegar um pouquinho o primo que só queria mamar, dormir e ter sossego?
E aqueles que estão gripados, mas fazem questão de dar um passadinha para a obrigatória visita?
Depois de vários anos assistindo o nascimento de crianças, consegui “ouvir” de um deles (talvez um futuro pediatra), os mandamentos que transcrevo. Com isto não pretendo dar a última palavra sobre o assunto mas simplesmente lembrar o óbvio: o recém-nascido não é adulto. Lembrando-se disto, certamente teremos mais cuidado com ele.
ALGUMAS CAPACIDADES DO RECÉM NASCIDO COMPROVADAS EM PESQUISAS
. Visão - acompanha, enxerga, focaliza e responde melhor a formas como rosto humano do que outras formas.
. Audição - identifica a voz da mãe. Responde melhor à voz humana do que a outros sons. Quando os pais falam ao seu lado eles viram a cabeça para fixar visualmente os vultos dos pais.
. Olfato - aos 6 dias de vida preferem o cheiro da mãe em vez do de outra mulher. Viram a cabeça, buscando fugir de odores incômodos.
. Paladar - mostra respostas diferentes quando exposto a diferentes sabores.
. Comportamento - os recém nascidos que recebem cuidados de uma pessoa só, mostram menos inquietação, desconforto e irritabilidade no seu comportamento do que os bebês cuidados por muitas pessoas.
RECOMENDAÇÕES PARA FAMILIARES E VISITANTES DE MÃES E RECÉM NASCIDOS
1º- Pense na mãe. Provavelmente ele está cansada, sem dormir. Pode estar com dores. Com certeza está preocupada em atender o recém-nascido antes de qualquer coisa.
2º- Pense no nenê. Ele ouve, enxerga; sente desconforto com vozes, sons e luzes que não conhece. Ele esta se adaptando a um mundo totalmente estranho. Muito estímulo pode atrapalhar a mamada, piorar a cólica, dificultar pegar no sono.
3º- Faça uma visita cronometrada.
4º- Veja o RN mas não fique no quarto dele. Vá conversar em outra sala.
5º- Não toque no nenê se não for preciso. Se for ajudar, lave as mãos antes de pegá-lo.
6º- Evite a visita no hospital. Ligue parabenizando os pais e deixe a visita para a casa, após a primeira semana.
7º- Se você ou seu filho estiverem com doença infecciosa ou com febre não devem visitar o RN.
8º- Se o bebê tiver um irmãozinho ou uma irmãzinha não se esqueça de agradá-lo e elogiá-lo tanto quanto o irmão que nasceu.
9º- Não atrapalhe o aleitamento materno. Deixe a sala se a mãe for amamentar. Estimule a mãe a amamentar. Lembre-se que é muito fácil mandar dar mamadeira mas é mais amigo ajudar a mãe ter sucesso no aleitamento materno.
10º- Sobre todos os costumes e convenções sociais devem ficar o bem-estar e saúde da mãe e recém-nascido.
Autor: Dr. Flávio Zenum - Pediatra
http://www.aleitamento.med.br/
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